sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Santiago - Negreira

Na noite passada vieram dormir comigo o Manolo, o Charlie e a Martica.. Pedi à dona da casa para colocar mais uma cama no quarto que era bastante grande e dormimos os 4.. Pusemos o despertador para as 6h da manhã, despertou, mas como ninguém quis levantar, desliguei-o e tocou novamente às 6h13'.. a estória se repetiu e perguntei:

_ levantamos?

E a Martica respondeu:
_ “aqui está tan bién.. calientito”..

Ajustei então para as 7h e quando despertou, pus a música "Grace Kelly" de Mika e então começamos a levantar.. Com isso saímos mais tarde do que tínhamos programado, pois queríamos chegar cedo ao albergue já que sabíamos que haveriam poucas vagas..

Quando deixamos Santiago de Compostela e subimos o primeiro monte próximo, logo entendemos o porque de nosso atraso.. fomos contemplados com o mais bonito nascer do Sol do Caminho.. justamente quando passamos pelo único pico onde poderíamos ver a Catedral.. o mais interessante é que faríamos estes 3 dias de Caminho exatamente para ver o pôr-do-sol em Finisterre.. e nada melhor que começar esta caminhada vendo o nascer do Sol por detrás da tumba de Santiago.. a qual tinha sido o objeto da minha peregrinação nos últimos 775 km a pé..


Sentamos e esperamos prazerosamente o nascer do Sol, enquanto comíamos algumas barras energéticas.. Enquanto ali estávamos passou um alemão e parou também dizendo:
_ what a great place to take a breakfast..

E respondemos:
_ Come on join with us..

Quando voltamos ao Caminho, entramos em bosques de eucaliptos que cheiravam super-bem e logo depois passamos por pinheiros muito altos.. mais uma vez corroborando a beleza do final do Caminho, por toda a Galícia.. que, casualmente, também se assemelha ao início do Caminho pelas terras dos Pirineus e Navarra.. Depois de andarmos uns 11km, paramos par o café da manhã.. ou melhor, pararam o Charlie e a Martica para me esperar e comermos juntos.. pois eu tinha ficado para trás tirando fotos e escutando música pelos bosques.. na verdade, pela primeira vez doeu um pouco o meu joelho e também diminuí o ritmo para não forçá-lo..

Após nosso café, seguimos juntos e em bom ritmo para chegar ao albergue cedo, mas duas tentações nos pararam pelo Caminho.. a primeira, mais rápida, foi uma mesa cheia de maçãs deixadas por uma senhora para os peregrinos que passavam em frente à sua porta.. ela acercou-se a nós, agradecemos e conversamos um pouco com ela..


 A segunda tentação foi mais forte e muito mais prazerosa e demorada: descobrimos um rio espetacular quando passávamos por uma ponte romana num povoado chamado Zas, que ficava a somente 3 km do Albergue... olhamos uns pros outros e quando um disse:


_ bañamos?


Os outros já tratavam de descobrir como poderíamos descer ao rio.. acredito que nossa vontade mútua nasceu do incentivo da Anais Poulain (ou Brujita II) - catalã que nos narrou muitos de seus momentos aproveitados durante o Caminho..

Sabíamos que a água deveria estar fria.. mas era uma coisa que queríamos ter feito e não tivemos oportunidade (ou olho "mágico") antes..tiramos as botas, as roupas e quando entramos no rio não estava fria, estava gelada! tinha bastante limo, logo escorreguei e molhei o corpo todo acostumando o mesmo ao frio.. nadamos um pouco e saímos minutos depois.. ficamos tomando banho de Sol nas pedras enquanto víamos vários peregrinos passando pela ponte, acenando para gente e nos fotografando.. também vimos uma lontra subindo o rio pelas cachoeiras.. foi mesmo mágico! ;)

Depois de secarmos, e enrugarmos bem os pés, retomamos o Caminho já imaginando que não encontraríamos vagas no albergue.. mesmo assim, já tínhamos ganhado o dia.. pelo Caminho vimos mais dois esquilos trepados pelos pinheiros..

Quando chegamos no albergue, encontramos vagas somente no solo, onde poderíamos dormir em colchonetes que o próprio albergue dispunha.. também seria a primeira vez que todos nós íamos dormir no solo..

R

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